Crônica: A VIDA SE CONSTRÓI AOS POUCOS
Por: Eli Vieira Xavier Não nasci em berço esplêndido, filho de mais seis irmãos, de pais retirantes do nordeste, que depois de passarem por outros estados, fizeram morada em Santos. Desde muito cedo, já ganhava meu dinheirinho, vendendo ferro velho, cobre, papelão e até cacos de vidro. Para ir ao cinema, vendia gibis, revistas e outros quetais na porta do cinema, na primeira seção, para ganhar uns trocados e poder pagar meu ingresso para a segunda seção. Meu pai tinha por hábito arrumar o primeiro emprego para os filhos homens quando completassem treze anos. Não é como hoje, onde até se proíbe que menores de 16 anos não possam trabalhar, e olha que lá no passado ninguém precisava lavar para-brisa de carros, vender guloseimas nos faróis e ninguém virou bandido ou delinquiu. Já fui lavador de privadas, trabalhei no Serviço Semafórico do Porto de Santos, trabalhei em comissárias de despachos e hoje, com setenta e um anos, e cincoenta e cinco anos depois ainda estou na área do comércio ext...